“É um grande privilégio ser
escolhido por Deus para fazer a sua Obra, mas é um grande dever do escolhido
preparar-se para realizá-la”. Sandro dos Anjos.
O chamado de um pastor é um dos
assuntos mais evidentes nas Sagradas Escrituras. Seu perfil e caráter são
revelados tanto no Novo como no Antigo Testamento de forma impressionante e
segura.
Mas parece que as credenciais
bíblicas do chamado e vocação pastoral são ignoradas por alguns grupos
cristãos, no que tange aos princípios para a ordenação e consagração de
ministros. O que vemos muitas vezes são “pastores” realizando funções protocolares no ministério, do que
ministros desempenhando o dom espiritual do apascentamento e cuidado da Igreja
de Cristo. E, mais tenebroso ainda é reconhecer que existem muitos pastores que
não são pastoreados, verdade essa tão clara que você pode até achar estranho o
fato do ministro precisar dessa assistência, mas todo pastor necessita de uma cobertura,
como assim fizeram Barnabé com Paulo (At.9.26-28; 11.22-26; 13.1-3), Paulo com
Timóteo (2ª Tm.1.1-8, 13-15; 2.1,2) e muitos outros exemplos.
Mas todos os pastores precisam
realmente de um chamado exclusivo por Deus? Um pastor que não possui o chamado
não terá êxito mesmo estando na função? As frustrações pastorais testemunhadas
em nossos dias são resultados do erro quanto ao chamado ministerial? Afinal,
como nasce um pastor?
Primeiro desejo esclarecer os significados
das palavras “vocação” e “chamado”, visto que se tratando do contexto religioso,
ambas se encontram interligadas. O termo vocação, do lat. vocare
é a inclinação e aptidão para determinada função. Denota uma disposição natural
para uma coisa; e Chamado é a confirmação da vocação para a determinada Missão. Denota o mecanismo
de ação da vocação.
Devemos iniciar o entendimento
bíblico do chamado em questão, a partir da figura e descrição ilustrativa do
pastor de ovelhas do Antigo Testamento, pois nessa esfera, a vida do pastor em
muitos aspectos é sintonizada em um paralelo com os relacionamentos espirituais
do líder cristão, sendo usada pelos escritores bíblicos, repetidas vezes, como
uma luz eficaz para a transmissão de experiências quanto ao ministério e
chamado do pastor.
O pastor de ovelhas no Antigo
Testamento era facilmente identificado por quatro elementos indispensáveis em
sua função: O cajado, a vara, a capa e, o alforje.
O cajado era usado principalmente
para guiar o rebanho e socorrer as ovelhas quando preciso (Êx. 21.19; 1º Sm.
17.40; Zc. 8.4). A vara era um símbolo de proteção e, em outros textos é chamada
de bordão (2º Re. 4.29). A capa era muito importante para o pastor se acolher e
se proteger e, o alforje levava alguns pertences de uso pessoal do pastor (1º
Sm. 17.40).
Quando
chegamos ao cenário histórico do Novo Testamento vemos os líderes sendo
chamados para “pastorear” o rebanho de Deus. Aqui temos o uso do termo pastor
como uma nomenclatura que identificaram as próprias palavras de Cristo, quando
usando a figura de metáfora, disse de Si mesmo: “Eu sou o bom Pastor; o bom
Pastor dá a sua vida pelas ovelhas [...] Eu sou o bom Pastor, e conheço as
minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido”. (Jo. 10.11-14).
Jesus usou a
comparação por que sabia muito bem acerca do cuidado do pastor com as ovelhas
nos campos. Ser pastor a partir daquele momento, na visão bíblica e
neotestamentária, significava cuidar de vidas da mesma forma que Cristo
demonstrou no cuidado e ensino no seu ministério na terra.
Partindo desses princípios
referentes às atividades da figura do pastor tanto no AT como as comparações e
simbolismo no NT, a Bíblia nos revela as três funções que compreendiam as
atividades reais de um pastor: 1) A
proteção exclusiva do rebanho contra as feras e os perigos naturais; 2) O zelo pela seleção dos melhores pastos
e campos verdes e; 3) O trato no
crescimento da ovelha, com o cuidado do peso e o desenvolvimento de sua lã.
A partir dessas bases a Bíblia deixa
clara acerca do verdadeiro chamado de um pastor. Trata-se do servo que desde
seus primeiros passos na jornada cristã, junto aos seus (sua igreja e seu
pastor) possui real preocupação, primeiro na proteção da igreja de Cristo, que
compreende o bloqueio das contaminações do mundo, dos falsos ensinos, dos
caminhos tortuosos; segundo, o zelo pelo melhor alimento através da pregação da
Palavra de Deus, que edifica, exorta, consola e desperta. Um servo que revela o
chamado para pastorear sempre transmitirá mensagens dentro desses quatro
aspectos; e terceiro, pela liderança espiritual que faz com que vidas desenvolvam
seus ministérios e alcancem seus sonhos. O pastor é um líder e seu chamado está
condicionado ás suas qualidades de liderança.
O que mencionamos até aqui pode ser
resumido numa verdade ampla: Não existe chamado pastoral distante dessas
realizações, bem menos algum pastor usado pelo Espírito Santo com apenas uma
dessas indicações, ou seja, se algum ministro está em falta em algum desses
princípios, com certeza seu chamado ministerial está em desenvolvimento, mas,
se lhe falta todos esses valores, com certeza jamais foi chamado por Deus para
pastorear.
Dentro desse raciocínio ainda desejo
expor duas situações: pastores que crêem no chamado, mas passam por
experiências frustrantes, e pastores que sabem realmente que não possuem o chamado,
mas entraram “acidentalmente” no ambiente ministerial.
No primeiro caso é de grande
importância saber que o início ministerial com experiências dolorosas não
significa algum tipo de erro no chamado, mas pode revelar um agir e preparo
exclusivo de Deus para algo bem maior. Deus o levará a compreender isso.
No segundo caso, temos alguém sem o
chamado na função pastoral, mesmo assim pastoreando. A falta de êxito maior
desse líder não está em seu realizar, de certo, ele sempre fará algo em suas
condições, mas sua situação revela claramente que suas ações pastorais serão
limitadas por lhe faltarem os elementos essenciais que preenchem sua ordem
vocacional e seu chamado divino.
No demais, desejamos muitos pastores
Chamados, e menos chamados pastores.
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