sexta-feira, 5 de outubro de 2012

SÉRIE HISTÓRIA DAS RELIGIÕES


Apresentação

Conhecer as Religiões e sua história é de suma importância para o estudante da Bíblia Sagrada. A grande verdade é que muitos cristãos tentam defender a fé diante da grande avalanche de doutrinas contrárias a Bíblia, sem contudo possuirem as ferramentas necessárias para a boa exposição da Palavra de Deus e, mesmo sendo fiéis e dedicados á vida cristã, se deparam muitas vezes com argumentos aparentemente infalíveis por parte de adeptos dos diversos movimentos, que conhecem de fato profundamente a história do Cristianismo e de Jesus Cristo.
Em nossa série História das Religiões pretendemos mostrar a importância da religião na vida do ser humano, mas também abordar de forma sincera e coerente os princípios doutrinários que as envolvem, promovendo assim discernimento espiritual e maturidade cristã.
Desejamos também que cada crente possa entender o sentido de religião e religiosidade na sociedade, ampliando até mesmo o conhecimento da abordagem bíblica de evangelização e, sabendo lidar com os limites frágeis da liberdade religiosa de cada indivíduo em nossa nação.

1.     O QUE É RELIGIÃO?


Os princiapis dicionários definem a palavra Religião com a raíz latina "religio" usado na Vulgata, que significa, “ligar novamente", ou simplesmente "religar", podendo ser definida como um conjunto de crenças relacionadas com aquilo que parte da humanidade considera como sobrenatural, divino, sagrado e transcendental, bem como o conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças.
Dessa forma a palavra portuguesa religião também deriva da palavra latina religio, mas desconhece-se ao certo que relações estabelece religio com outros vocábulos. Aparentemente no mundo latino anterior ao nascimento do cristianismo, religio referia-se a um estilo de comportamento marcado pela rigidez e pela precisão.
Historicamente foram propostas várias etimologias para a origem de religio. Cícero, na sua obra De natura deorum, (45 a.C.) afirma que o termo se refere a relegere, reler, sendo característico das pessoas religiosas prestarem muita atenção a tudo o que se relacionava com os deuses, relendo as escrituras. Esta proposta etimológica sublinha o carácter repetitivo do fenómeno religioso, bem como o aspecto intelectual. Mais tarde, Lactâncio (século III e IV d.C.) rejeita a interpretação de Cícero e afirma que o termo vem de religare, religar, argumentando que a religião é um laço de piedade que serve para religar os seres humanos a Deus.
Em seu livro "A Cidade de Deus" Agostinho de Hipona (século IV d.C.) afirma que religio deriva de religere, "reeleger". Através da religião a humanidade reelegia de novo a Deus, do qual se tinha separado. Mais tarde, na obra De vera religione Agostinho retoma a interpretação de Lactâncio, que via em religio uma relação com "religar".
Existem termos que são ditos/escritos freqüentemente no discurso religioso grego, romano, judeu e cristão. Entre eles estão: sacro e seus derivados (sacrar, sagrar, sacralizar, sacramentar, execrar), profano (profanar) e deus (es). O conceito desses termos varia bastante conforme a época e a religião de quem os emprega. Contudo, é possível ressaltar um mínimo comum à grande parte dos conceitos atribuídos aos termos.
Os religiosos gregos e romanos criam na existência de vários deuses; os judeus, maometanos e cristãos acreditam que há apenas uma divindade, um ser impassível de ser sentido pelos sensores humanos e que é capaz de provocar acontecimentos improváveis/impossíveis que podem favorecer ou prejudicar os homens. Para grande parte das religiões, as coisas e as ações se dividem entre sacras e profanas. Sacro é aquilo que mantém uma ligação/relação com o(s) deus(es). Frequentemente está relacionado ao conceito de moralidade. Profano é aquilo que não mantém nenhuma ligação com o(s) deus(es). Da mesma forma, para grande parte das religiões a imoralidade e o profano são correspondentes. Já o verbo "profanar" (tornar algo profano) é sempre tido como uma ação má pelos religiosos.

1.2.            Religiões e Pensamentos filosóficos

Dentro do que se define como religião pode-se encontrar muitas crenças e filosofias diferentes. As diversas religiões do mundo são de fato muito diferentes entre si. Porém ainda assim é possível estabelecer uma característica em comum entre todas elas. É fato que toda religião possui um sistema de crenças no sobrenatural, geralmente envolvendo divindades ou deuses. As religiões costumam também possuir relatos sobre a origem do Universo, da Terra e do Homem, e o que acontece após a morte. A maior parte crê na vida após a morte.
A religião não é apenas um fenômeno individual, mas também um fenômeno social. A igreja e o povo escolhido (o povo judeu), são exemplos de doutrinas que exigem não só uma fé individual, mas também adesão a um certo grupo social.
A idéia de religião com muita frequência contempla a existência de seres superiores que teriam influência ou poder de determinação no destino humano. Esses seres são principalmente deuses, que ficam no topo de um sistema que pode incluir várias categorias: anjos, demônios, elementais, semideuses, etc. Outras definições mais amplas de religião dispensam a idéia de divindades e focalizam os papéis de desenvolvimento de valores morais, códigos de conduta e senso cooperativo em uma comunidade.

1.3.            Tipos de Crenças e Rejeições

Dentro do conceito de religião temos também algumas questões que fazem parte de sua abordagem, entre elas os pensamentos Ateistas, Agnosticistas e Deístas. Veremos tudo isso e muito mais nos próximos artigos mas de primeira mão desejamos compartilhar o assunto a seguir.
Ateísmo é a negação da existência de qualquer tipo de deus e da veracidade de qualquer religião teísta. Agnosticismo é a dúvida sobre a existência de deus e sobre a veracidade de qualquer religião teísta, por falta de provas favoráveis ou contrárias. Deísmo é a crença num deus que só pode ser conhecido através da razão, e não da fé e revelação.
Algumas religiões não consideram deidades, e podem ser consideradas como ateístas (apesar do ateísmo não ser uma religião, ele pode ser uma característica de uma religião). É o caso do budismo, do confucionismo e do taoísmo. Recentemente surgiram movimentos especificamente voltados para uma prática religiosa (ou similar) da parte de deístas, agnósticos e ateus - como exemplo podem ser citados o Humanismo Laico e o Unitário-Universalismo. Outros criarão sistemas filosóficos alternativos como August Comte fundador da Religião da Humanidade.
De modo geral podemos classificar as crenças em cinco grupos:

1. Henoteísmo, cultua-se um único Deus, mas se reconhece a existência de outras divindades;
2. Monoteísmo, cultua-se um único Deus e se nega a existência de qualquer outro;
3. Politeísmo, crença em muitos deuses;
4. Panteísmo, crença que considera coincidente a divindade e o universo natural;
5. Panenteísmo, crença segundo a qual a divindade e o universo natural coincidem, embora professe uma transcendência de Deus diante da natureza.

Atualmente, as religiões monoteístas são dominantes no mundo: judaísmo, cristianismo e Islão juntos agregam mais da metade dos seres humanos e quase a totalidade do mundo ocidental. A Fé Bahá’i também é uma religião monoteísta, mas com pouca expressão no ocidente.

1.4.            A Religião e suas Conseqüências Sociais

O escritor Valvim M. Dutra em um dos seus artigos acerca da religião, numa seleção extraída do capítulo dois do livro Renasce Brasil, registra que as religiões em todo o mundo também surgiram em função de algum tipo de inspiração divina, como é o caso do Judaísmo, precursor do Cristianismo. Entretanto, continua, é praticamente certo que, no passado, a maioria dos povos não conseguiu assimilar tal inspiração e acabou distorcendo os objetivos de Deus. Talvez, por isso, hoje existe diferentes religiões em várias partes do mundo.
Dutra afirma que atualmente, a maioria dos povos desenvolvidos acredita que, numa segunda fase, o Deus Criador enviou Jesus a este planeta para corrigir as distorções inventadas pelos homens. Um dos objetivos foi ensinar a orientação divina na sua forma mais ampla e correta, de modo a salvar a humanidade da autodestruição e da conseqüente auto-extinção.
Os povos que acolheram os ensinamentos de Deus, na sua forma cristã (sem muitas distorções e ornamentos humanos), tornaram-se nações bastante desenvolvidas. Este fato, embora muito pouco comentado no Brasil, demonstra que o modelo de vida cristão deve ser o mais correto, inclusive, porque apresenta os melhores resultados econômicos, humanos e sociais.
Portanto, ser cristão é fazer parte do grupo mais evoluído e desenvolvido do planeta. É verdade que muitos cristãos não conseguem praticar o Cristianismo na sua forma genuína; muitas pessoas precisam de artefatos materiais (estatuetas, velas, óleos, pedras, etc.) para se relacionarem com Deus. A experiência tem demonstrado que Deus é tolerante e compreensivo com todos os que procuram viver segundo Seus ensinamentos. Entretanto, a história dos últimos séculos demonstra que os povos se tornam mais bem-sucedidos na medida em que seguem os ensinamentos bíblicos com o mínimo de distorções, adereços e ornamentos dispersivos.
As diferentes Igrejas Cristãs (Católica, Presbiteriana, Assembléia de Deus, Batista, Universal etc...) ensinam o Cristianismo segundo suas capacidades de interpretação da Bíblia Sagrada. É óbvio que um conjunto de informações tão poderoso, quanto o contido na Bíblia, pode ser visto de vários ângulos diferentes. Cada observador pode enxergar algumas características que o observador do outro lado não as esteja enxergando, e vice-versa. (Daí algumas divergências entre as várias denominações cristãs.) No entanto, as pessoas que se reúnem em torno dos ensinamentos Cristãos, ainda que em níveis e posições diferentes, estão no rumo correto.


Conclusão

Finalisamos a primeira parte de nosso tratado em História das Religiões, numa visão geral cerca do termo religião e seus diferentes pensamentos.
Nas próximas abordagens falaremos da origem e desenvolvimento da religião, visando o entendimento do fator importante na História Humana, mas também a religião como julgo e escravidão por seu afastamento de propósitos.


Alex S. A. Belmonte
É Bacharel e Mestre em Teologia
Doutor Filosofia das Religiões
Professor de Apologética e História das Religiões.

Bibliografia completa da Série

  1. Bíblia Apologética de Estudo – ICP – Instituto Cristão de Pesquisas, segunda edição 2005 – Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
  2. Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo – George A. Mather e Larry A. Nichols, Editora Vida – 2a impressão – 2000.
  3. Glossário da Nova Era – “Como entender a Nova Era” – Walter Martin, Editora Vida – 3a impressão – 1998.
  4. Glossário “Compreendendo a Nova Era – Russel Chandler – Editora Bom Pastor – 1993.
  5. Enciclopédia de Apologética – Norman Geisler – Editora Vida – 2002.

- FILHO, Tácito da Gama Leite, História das Religiões Vol. 3 – As Religiões Vivas I., Ed. Juerp, 1994 e; História das Religiões Vol. 2– As Religiões Antigas., Ed. Juerp, 1994;
- FILHO, Tácito da Gama Leite, Atitudes Ideológicas e Filosóficas. Vol. 6 Ed. Juerp, 2ª edição- 1996;
- Série Apologética Vol. I – ICP – Instituto Cristão de Pesquisas – SP, 2002.
- STROHMER, Charles, Os Segredos da Astrologia, 1ª edição, Ed. Mundo Cristão, 1993.
- DUTRA, Valvim M., Artigo de Seleção extraído do capítulo dois do livro Renasce Brasil.

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